quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Crise hídrica é debatida em São Francisco de Itabapoana com produtores rurais

Irrigação de lavouras, construção de barragens, abertura de comportas e abertura de tanques nas propriedades foram os assuntos mais debatidos.




Abertura ou fechamento de comportas dos canais que cortam o município de São Francisco de Itabapoana, construção de barragens, utilização de máquinas para abertura de tanques nas propriedades, irrigação das lavouras e a seca que assola o município sanfranciscano,  estes foram alguns dos temas  debatidos durante cerca de três horas de reunião no Salão de festas do Edimário na localidade de Macuco de São Francisco de Paula, evento organizado pela Associação de Moradores e Produtores Rurais de Macuco de São Francisco, Ampamac,  na tarde desta terça-feira, 24-02.

Marcada para as 16 horas, a reunião começou com a execução do hino Nacional, prestigiada por cerca de 150 produtores. 

Após composição da mesa principal com participação de representantes dos órgãos ambientais do Estado do Rio de Janeiro, do Inea – Instituto do Meio Ambiente, da Emater-Rio, da prefeitura Municipal de São Francisco de Itabapoana, do Legislativo Municipal e da Estação Ecológica de Guaxindiba, foi franqueada a palavra aos produtores.

Renato Machado, o Renato de Alfeu, produtor rural de Morro Alegre, questionou o Inea, a burocracia e a fiscalização rigorosa nos produtores rurais. Sugeriu a construção de uma barragem nos canais que desaguam no Oceano Atlântico. “Essa água que vai para o mar poderia ser muito bem aproveitada na irrigação das lavouras”, diz

O representante do Inea – Instituto Estadual do Ambiente Charles Cardoso Balbi disse, com relação a construção de barragens, que é uma atividade conservacionista. “O Inea jamais proibiu. Na verdade é permitido. Porém, para se    fazer é necessário a elaboração de um projeto junto com a prefeitura municipal do Município.

Com relação a irrigação de lavouras, segundo Charles Cardoso cabe ao Inea o gerenciamento.

“A irrigação não está proibida. Mas é necessário um bom senso, pois estamos num momento crítico de falta d’água. A lavoura é importante, entretanto mais importante é o consumo humano e dos animais. Será que vai ter água para todos se não houver um gerenciamento deste momento de crise?”, indagou.

“O órgão ambiental tem a função de regularizar e tudo tem que ser feito através de um processo técnico. O caminho é procurar a prefeitura Municipal cujo prefeito, vendo a necessidade fará contato com o Inea”, disse.

O vice prefeito Amaro Barros, o Amarinho de Buena, disse que vai agendar uma reunião do prefeito Pedrinho Cherene com os produtores, o mais rápido possível.

“Vocês podem contar com o apoio da prefeitura. Para abertura de tanques, podem procurar a Secretaria Municipal de Meio Ambiente que vai até a propriedade para análise e com autorização do Inea, executa o serviço com auxílio de máquinas”, explicou.

Segundo o vice prefeito, que também é produtor, os produtores de SFI são sofredores e, justificou a ausência do prefeito Pedrinho Cherene informando que estava em uma audiência.

O vereador Alexandre Barrão, representando o Legislativo, lembrou que com o fim do recesso parlamentar e com a eleição das comissões permanentes do Legislativo Municipal, nem todos os vereadores puderam participar, mas que a Câmara Municipal está à disposição dos produtores nesta luta.

Representando a Estação Ecológica de Guaxindiba, compareceu Amanda que falou da importância da preservação ambiental. O representante da Emater, Marcelo, apresentou aos produtores os programas que a Emater vai executar no município de forma emergencial.

“Foi liberado recurso através do Banco Mundial para financiar projetos para amenizar a situação da seca no município. A maior parte destes projetos é de cunho ambiental”, revelou.

Segundo o representante da Emater, o município sanfranciscano foi dividido em onze micro bacias e atualmente, a Emater está trabalhando apenas com seis. “É necessários que os produtores se reúnam em grupo para fazer a gestão destes projetos visando os recursos financeiros”, disse.

Segundo Marcelo da Emater-Rio, os projetos que podem ser financiados com recursos do Banco Mundial, são projetos de proteção de nascentes, restauração de matas ciliares, implantação de sistemas agroflorestal, construção de barragens, implantação de sistema para armazenagem de água de chuvas e recuperação de açudes de pequeno porte. Os produtores deve procurar a Emater, em Praça João Pessoa, em busca de mais informações. 

O representante do Comitê Baixo Paraíba do Sul, João Siqueira, disse não entender o porquê que ainda não foi decretado “estado de emergência” em São Francisco de Itabapoana com toda esta crise de seca que assola o município.

“Recursos emergenciais poderiam vir para ajudar amenizar a crise hídrica em São Francisco de Itabapoana”, disse.

O produtor rural Sergio Elias disse que o problema hídrico está acontecendo em várias regiões do Brasil, mas lembrou que em São Francisco de Itabapoana já vem de muito tempo. “É desde quando o antigo DNOS drenou desordenadamente toda nossa região. Hoje, nós pagamos caro por isso. Há 35 anos, já chamava atenção para o que está acontecendo”, disse.


O produtor rural Rogerio (Rogerinho) um dos organizadores do evento, ao final da reunião, agradeceu aos produtores que ajudaram na realização do evento citando o presidente da Ampamac Carlos Junior,   Marcinho do Abacaxi, Herval, Sergio, Luciano e concluiu dizendo do sucesso que foi a reunião. O presidente da Ampamac, Carlos Junior, disse que será produzida uma ata da reunião para encaminhar aos órgãos governamentais.

“Vamos organizar uma comissão de produtores e aguardar o agendamento de uma reunião com o prefeito Pedrinho Cherene, para levar até ele, tudo que foi debatido aqui, objetivando amenizar o sofrimento dos produtores nesta crise de seca jamais vista em nosso município”, concluiu


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